sábado, 1 de novembro de 2008

Pôr do Sol no Arpoador

Querida Lóri,


Aquela nossa última conversa me deixou aflita. O meu coração palpitava como se eu estivesse novamente apaixonada por algo ou por alguém. Como que uma nova descoberta, fiquei imaginando aquela tarde em que você olhava o pôr do sol no belo Rio de Janeiro. Confesso que fiquei pensando no que eu fiz nessa tarde, entretanto, não consegui me lembrar. Talvez estivesse enfurnada em meu quarto estudando lógica ou retórica, ou ainda, dentro de uma sala de aula, trancafiada nos estudos de argumentação. A idade chegou e eu não mais me r ecordo, possivelmente pela falta de tempo a qual me encontro. Enfim, aquela tarde amarelada que te cegou por algum instante os olhos, queimava-me por dentro.

Imaginei os corpos dourados no indo-e-vindo sem fim e as pegadas que faziam na areia...
Umas pegadas maiores que as outras, umas masculinas e outras femininas. Imaginei-me de mãos dadas com aquele menino que habita meus sonhos.
Pensei na noite de lua cheia que se sucedeu após tamanha luz solar, e aí, imaginei a movimentação dos corpos dourados que ardiam nos quartos. Eles queimavam na noite negra da lua cheia, enquanto eu, chorava.


Carinhosamente,




De manhã escureço.
De dia tardo.
De tarde anoiteço.
De noite ardo.
Vinícius de Moraes

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