domingo, 6 de dezembro de 2009

Não mais que de repente

De repente tudo começou a ficar claro. As máscaras uma a uma foram caindo e desnudando a realidade. Sentiu-se sozinha na infinitude do seu ser embaralhado e um tanto incoerente. Estava saudosa de um tempo longínquo e tão presente nos dias em que refletia sobre a sua mediana existência.
Chegava naquela casa, comia pizza, discutia sobre os assuntos da semana, sabia de tudo o que acontecia na família - que parecia sua. Às vezes, jogava pôquer ou xadrez, outras, ia para a sala ajudar a escolher o filme que veriam (ela tinha um ótimo gosto cinematográfico - e o respeito de todos). Ficava lá, junto a eles, quieta, querendo que nunca acabasse aquele momento.
Depois, era hora de domir, subia as escadas e se deitava na cama, que já estava semiarrumada e que parecia dela. A noite era calma, gostosa e quente. Jurava a si mesma que tudo seria diferente, que se esqueceria das coisas ruins naqueles pequenos momentos de paz. Esquecia-se. E todo domingo seguia essa deliciosa rotina que às vezes acontecia aos sábados ou durante a semana. Isso realmente não era o importante.
Ela era feliz e sabia disso.

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