sábado, 17 de abril de 2010

Personagem conhecida...

Passou pela escola em que tinha estudado toda a vida de ensino fundamental e médio. Nossa, quantas lembranças passavam pela cabeça! O primeiro namorado, com 16 anos... Lembrou-se de quando o conheceu: era uma manhã e ela tinha ido para a sala de sua irmã mais nova. Ele era mais jovem... e a encantou no primeiro olhar. Aliás, foi amor à primeira vista. Recíproco, como poucos que teve na vida. Um momento de lucidez acometeu-a.
Lembrou-se de sua vida, dos sonhos antigos, da falta de esperança. Dos cabelos juvenis, compridos, cacheados. Do amor eterno, das saídas, das baladinhas. Do começo de tudo. E se viu numa vida constante, pacata e sem liberdade. Era uma personagem clariceana num momento de luz. Diante daquele acontecimento, decidiu abandonar tudo: o meio-amor, a profissão, os estudos. Resolveu começar de novo. Era uma nova chance de viver algo novo, como naqueles tempos: descobrir o sexo, sentir prazer no beijo, desbravar o futuro. Precisava de coragem.
No dia seguinte acordou, se olhou no espelho. Achou graça do que tinha pensado. Pegou os cadernos, se apaixonou pelos estudos e resolveu fingir que nada lhe tinha acontecido. Foi um momento de revolta e passou...

11 comentários:

  1. Saiu de casa e um ônibus em alta velocidade a atropelou. Viu novamente a estrela de sua autora favorita e concluiu que não havia nada de mal em sonhar, mas que faria um bem muito maior realizar os suas vontades. Agora já era tarde.

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  2. Macabéa é uma personagem fascinante, contudo, acho que ela se parece mais com a Gertrudes: "“Libertar” era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores. Como fora amena há dias, quando se destinava a outro papel? Outro, qual? Tudo era confuso e só se exprimia bem na palavra “liberdade” e nos passos pesados e firmes, no rosto fechado que adotava. À noite não dormia até que os galos longínquos começassem a cantar. Não pensava, propriamente. Sonhava acordada. Imaginava um futuro em que, audaciosa e fria, conduziria uma multidão de homens e mulheres, cheios de fé quase a adorá-la."

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  3. Completamente confusa após o atropelamento viu que na verdade não era tarde, ainda. Felizmente foi apenas um esbarrão. Levantou-se e não sabia mais distinguir se ela era Gertrudes fingindo ser ela ou vice-versa. Ambas gostavam de ser adoradas.

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  4. Nunca é realmente tarde. Essa noção está afixada da mente de algumas pessoas. Ela estava viva, vivíssima. Andou alguns metros, lembrou-se novamente de tudo... e caminhou rumo a sua casa. Ela era adorada, e tinha certeza disso... mas andava em má fase. Ou foi o tempo que passou???

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  5. Realmente não era tarde, mas ela o havia bloqueado desde o início. Ele era o melhor de todos, talvez o ideal para ela. E como o tempo vai e volta nas nossas idéias ele nunca passa. Nunca.

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  6. Creio que a saudade dela não tinha nomes... era da época e não do namorado. Era saudade do tempo, das ilusões, do corpo, da descoberta.Ele não era o melhor... ele era o primeiro.

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  7. Mal sabia ela que ele também sofria por sentimento análogo ao dela. Queria descobrir as coisas novamente, se apaixonar, transar até sentir o seu membro completamente exausto. Ele já havia lhe proposto um "revival", mas ela lhe respondeu que os tempos eram outros e que agora ambos estavam comprometidos. Ele, porém, não estava decidido a desistir.

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  8. Ah anônimo se mostre para nós...

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  9. Alô? Bom dia! Oi, tudo bem Querido? Tudo bem. É só pra dizer que sou eu que estou escrevendo os textos do blog. Não sei, você não se identifica...Mas sou eu sim. Daquela vez não conseguiu dizer mais nada a ela. Queria convidá-la mesmo a ir a algum motel e liberar toda a vontade guardada há vários anos. Nunca tinha sequer tocado nela. Tchau, Querida. Temos que marcar um café algum dia desses. Tchau, beijo.

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  10. Tinha sido uma conversa burocrática, o café proposto no final da conversa era apenas um comentário para encerrar a prosa de maneira amigável. Apesar dos esforços dele ela simplesmente ficara em silêncio. Nenhum telefonema, nenhuma mensagem depois daquele papo. Hoje ele acordara triste.

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  11. Palavras, palavras... o que fazer com elas? Frente à verdade, elas nada têm poder.

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